André Heller: Do paredão até o título olímpico em Atenas
Ex-central lembra sua trajetória e ressalta a importância dos ensinamentos no paredão para chegar ao ouro olímpico
Heller fez parte do grupo que conquistou o ouro em Atenas-2004 (Sérgio Ávila/CBV)
Começar no esporte por um problema de saúde e chegar ao ouro olímpico. Isso foi o que André Heller conseguiu com o vôlei. Por necessidade médica, o ex-central começou sua trajetória esportiva, passou por algumas modalidades e foi no vôlei, sua antiga paixão, que se encontrou, conseguiu sucesso e chegou ao topo do pódio olímpico em 2004, em Atenas (GRE). E é com ele que o Saque Viagem abre o Personagens Olímpicos para aquecer os dias que antecedem aos Jogos de Tóquio, que acontecem de 23 de julho a 8 de agosto de 2021.
Natural de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, Heller sempre gostou de voleibol. A influência veio do pai, que foi jogador e técnico. Mas, antes de seguir a modalidade, o ex-atacante passou por outros esportes, entre eles, a natação.
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“Eu sou asmático desde de sempre e comecei no esporte para ajudar nessa questão. A ida para o vôlei foi difícil. Mesmo com meu pai tendo uma história no esporte, eu não sabia quase nada e passei na primeira peneira por conta da minha altura. Nos primeiros meses no time, foi um período em que eu comecei a ter noção de tudo. Lembro que um dia apareceu um jogador profissional no treinamento e ele ficou me observando. No meio do treino, ele me chamou, me deu uma bola, me levou em um paredão e me disse que precisava dar 500 toques na bola antes de ir embora”, contou Heller ao Saque Viagem.
E ele realmente só foi embora depois dos 500 toques. Mas, segundo o campeão olímpico, o paredão lhe deu vários ensinamentos que ele carregou e carrega até hoje. Friamente, 500 pode até ser uma quantidade enorme, mas os ensinamentos ficaram guardados por mais de 30 anos na cabeça do atleta.
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“Aquele paredão me ensinou a ser resiliente. Nunca desistir e buscar melhorar sempre que alguns obstáculos aparecessem. Ele me ensinou a não me cansar de me aperfeiçoar e não desaminar, independentemente do tamanho da dificuldade”, disse o gaúcho.
E não foram poucos os obstáculos. Em mais de 24 anos de atleta profissional de vôlei, podemos dizer que o hoje diretor do Vôlei Renata cresceu no maior deles. Em 2002, enquanto o Brasil se preparava para a disputa do Campeonato Mundial na Argentina, Heller travava uma briga sadia com Gustavo, Rodrigão e Henrique para uma das vagas na posição. Apesar de todo o esforço, acabou sendo cortado. No momento em que foi comunicado pela comissão técnica do corte, o ex-jogador perguntou qual tinha sido o motivo que acarretou sua saída do grupo.
Sabendo a causa que o tirou do Mundial que semanas depois seria vencido pelo Brasil, Heller “voltou ao seu paredão”. E desta vez deu certo. O ex-atleta buscou aperfeiçoar suas deficiências e melhorou no ponto em que foi apontado pela comissão técnica. Após muito trabalho, conseguiu fazer parte do grupo olímpico brasileiro que conquistou o ouro em Atenas 2004, o maior título de sua carreira. Dois anos depois, disputou o Campeonato Mundial do Japão. E também foi campeão. A “volta ao paredão” e os 500 toques nunca fizeram tanto sentido na trajetória de um dos maiores centrais da história do voleibol brasileiro.