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Kasiely sobre a seleção: “Estou vivendo um sonho”

Ponteira do Dentil/Praia Clube é a grande novidade da seleção feminina para o Campeonato Sul-Americano

Kasiely tinha sido convocada somente para a seleção sub-23 (Divulgação/FIVB)

 

Kasiely tem vivido um sonho nesses últimos dias. Desde que recebeu uma ligação da CBV para lhe informar sobre a convocação para a seleção feminina do Brasil, as mensagens de felicitação e afeto não pararam de chegar. O WhatsApp bombou. No Instagram, os fãs lotaram sua caixa de mensagens. No mesmo embalo das notificações, a rotina também mudou de cabeça para baixo.

 

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Na última segunda-feira (23), a ponteira do Dentil/Praia Clube se apresentou ao técnico José Roberto Guimarães para dar o pontapé na preparação para o Campeonato Sul-Americano, competição que está agendada para acontecer entre 15 e 19 de setembro, na Colômbia. É a primeira vez que a atacante veste o uniforme da seleção adulta do Brasil. Sua única experiência, até então, tinha sido na sub-23, com a qual foi campeã mundial em 2015.

 

Antes de pegar o voo de Uberlândia (MG) com destino ao Rio de Janeiro (RJ), Kasiely conversou com o Saque Viagem. Ao longo de quase 35 minutos de bate-papo, que está disponível também no YouTube, a grande novidade da seleção feminina para a disputa continental contou os bastidores da convocação, falou sobre seus sonhos, inspirações, superstições, Itambé/Minas, Dentil/Praia Clube

 

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista com a paranaense de Nova Aurora:

 

 

CONVOCAÇÃO PARA A SELEÇÃO
Eu radiante, estou muito feliz, não esperava essa convocação agora, principalmente as meninas voltando das Olimpíadas. Estou muito empolgada, quero aprender muito, quero contribuir com o meu voleibol em quadra, quero aproveitar esta chance da melhor maneira possível. Quando mandaram mensagem, eu pensei, meu Deus, será que é verdade, será que eu estou lendo certo.

Eu sempre me preocupei com o meu trabalho diário, a seleção seria uma consequência, hoje, ano que vem. Eu sou muito nova ainda, tenho 27 anos, meu maior objetivo era me firmar em um time grande, conquistar o meu espaço. Graças a Deus chegou, eu trabalhei muito nesses últimos anos, esses dois anos em que estive no Minas foram muito bons pra mim, agora estou colhendo os frutos.

 

 

Acho que, nas duas últimas temporadas, eu tive uma grande evolução, joguei bastante, nesta última temporada, eu joguei as finais. Evolui muito, é muito importante o atleta sempre jogar, não ficar escondido. Eu dei um salto nesses últimos dois anos, principalmente nesse último ano.

 

PAULO COCO GUARDOU SEGREDO
Recebi mensagem da Júlia, que trabalha na CBV, por volta do meio-dia. Ela me mandou uma mensagem assim: “Kasiely, você já deve saber, mas a gente vai soltar a lista do Sul-Americano hoje no final do dia.”. Daí eu falei: “oi, Júlia, saber do quê?”. Aí ela: “ah, o Paulinho (Paulo Coco, técnico do Praia Clube) não te contou?”. Eu respondi: “não, ele não me contou”. Ela disse: “nossa, desculpa, eu devia ter te ligado então, para te comunicar, mas a gente vai soltar a lista, e você está convocada”. Eu estava cozinhando, fazendo o meu almoço e pensei: “meu Deus, é verdade?”. O Paulinho disse que queria que eu soubesse pela direção, não por ele. Treinei com ele segunda e terça, e ele não falou nada.

 

CAUTELA PARA CONTAR À FAMÍLIA
Minha família está muito feliz, a gente está vivendo um sonho. Eu espero aproveitar da melhor maneira possível, eu vou me dedicar ao máximo, quero aprender muito.

Quando eu fiquei sabendo ao meio-dia, eu não contei para a minha família. Eu queria que saísse a lista, eu queria ver. Só que nosso treino começou às 17 horas, quando terminou, todo mundo já estava sabendo. A minha irmã chorou, a gente lembrou muito do meu pai, que infelizmente não está mais aqui, ele vivia o esporte comigo, de onde ele está, ele ainda vive. Foi muito emocionante por vários aspectos: pela realização de um sonho, pela lembrança do meu pai, pela falta dele. A minha família sempre me apoiou, desde criancinha, meus pais sempre assistiam aos meus jogos, dormiam fora, me acompanhavam sempre. Acaba passando um filme na nossa cabeça, de tudo o que eu passei, de tudo o que a minha família passou, chegar até aqui e realizar este sonho.

 

 

FATOR MACRIS PESA EM CONVOCAÇÃO
Eu jogo com a Macris desde o Pinheiros. Jogamos juntas também no Brasília e no Minas. Foi muito importante pra mim, eu criei uma identidade com ela, esse jogo rápido, com muita velocidade. Como eu sou ponteira passadora, jogar com velocidade acaba sendo um diferencial. Como ela é uma levantadora muito rápida, com certeza, jogar com a Macris contribuiu e muito para a minha convocação.

 

REPERCUSSÃO APÓS CONVOCAÇÃO
Tinha mais de 100 mensagens no WhatsApp, meu Instagram estava bombando. Foi muito legal, eu recebi muitas mensagens carinhosas, apoio de todo mundo, isso me deixou mais feliz, mais animada, me mostrou que eu estou no caminho certo. Eu trabalhei muito nos últimos anos, o último ano, apesar de eu ter jogado, não foi um ano fácil (Kasiely perdeu o pai em abril, logo após se sagrar campeã da Superliga).

É muito legal receber esse apoio dos meus amigos, familiares, da prefeitura. Saíram muitas matérias “atleta nova aurorense” na seleção. A minha cidade tem 12 mil habitantes, é muito pequenininha, eles vivem tudo isso comigo. Essa minha conquista é deles também.

 

MUDANÇA DO MINAS PARA O PRAIA CLUBE
Essa troca só existe fora. Para nós, atletas, isso é muito comum. Em um dia, eu jogo em um clube, em outro, eu jogo em outro. Eu sempre tive muita vontade de jogar com o Paulinho, desta vez, deu certo. Eu ganhei a Superliga com o Minas, agora quem sabe eu não ganhe com o Praia? Isso me motiva bastante, ganhar títulos com o Praia.

 

 

EXPECTATIVA PARA A NOVA TEMPORADA
Existe essa rivalidade Minas e Praia, mas na verdade é só dentro de quadra. Bauru também vem muito forte, assim como o Osasco, são grandes concorrentes. Eu não aponto só o Minas (como favorito), ele é o atual campeão, é a referência, é o time a ser batido. Essa Superliga está bem equilibrada.

 

SONHO DE TRABALHAR COM BERNARDINHO
Quando eu fui pro Rio, eu era muito nova. Eu fui sabendo que não jogaria tanto. Na época, tinha a Gabizinha, a Gabriela Guimarães, a Drussyla. Eu era muito nova, e eu fui para aprender mesmo com o Bernardo. Acabou que algumas jogadoras tiveram algumas lesões, e eu acabei jogando. Eu acabei aproveitando a oportunidade de jogar, foi muito importante para a minha carreira. Na sequência, eu tive a oportunidade de ir para o Minas, após um ano perfeito deles, em que eles ganharam tudo, então ter essa oportunidade de ter ido para lá foi muito importante pra mim. O Nicola (Negro) tem um voleibol muito moderno, no início, eu tive um pouco de dificuldade. Depois que eu entendi, eu aprendi muito, eu evolui muito durante os treinamentos, era altíssimo nível o tempo inteiro. Eu estou em alto nível há alguns anos, não só em jogo, mas também em treino, sempre exigindo o máximo da gente. Aqui no Praia não vai ser diferente. O Paulinho é muito exigente, ele trabalha muito a nossa parte técnica. O meu maior sonho, quando eu era mais nova, era jogar no Rio com o Bernardo. E aí, quando você atinge este sonho, você sempre quer mais. Aí eu consegui ir para o Minas, que era o atual campeão, e aí sempre quis jogar com o Paulinho. Eu conheci o trabalho dele na época do Pinheiros, quando eu era base, era infanto, ele era técnico lá. Eu sempre admirei muito o trabalho dele. Vir para cá (Praia Clube) é um marco pra mim. Quando a gente é mais nova, tem alguns clubes que a gente quer jogar, com alguns técnicos, e o Paulinho sempre estava no meu TOP3, para não falar o mais. Trabalhei nas últimas temporadas com o Bernardo, Nicola e Paulinho, espero me manter. Ainda não tive a oportunidade de trabalhar com o Zé Roberto, segunda-feira, eu vou ter esta oportunidade, estou muito feliz.

 

CAMPEÃ MUNDIAL SUB-23
Nunca fui convocada para seleções de base, só a sub-23. A sub-23 também foi uma surpresa. No ano anterior, eu tinha operado meu ombro direito, eu estava voltando ainda. As minhas duas experiências foram maravilhosas.

O Mundial sub-23 foi superespecial, porque na chave a gente perdeu para elas (Turquia), jogamos mal, tomamos um 3 a 0 feio. Na final, elas eram as favoritas, ninguém acreditava na gente. O ginásio lotado, era só a gente, nós e nós, não tinha ninguém a mais para torcer para a gente na arquibancada. O jogo começou a fluir para a gente, nós aproveitam. Foi lindo.

O Brasil ganhou da Turquia por 3 sets a 1 (25/21, 21/25, 25/19 e 25/22), em Ancara (TUR), na decisão do Campeonato Mundial sub-23

 

 

ESCASSEZ DE PONTEIRAS DE PREPARAÇÃO
Na verdade, hoje em dia, ponteira passadora está em falta mesmo. Mas eu não posso só passar, eu preciso estar bem em todos os fundamentos. Se eu não rodar bola, eu não vou ser convocada. Eu não tenho acompanhado tanto a base, não sei como está vindo esta nova geração. No Minas, eu tinha esse papel de entrar para equilibrar o fundo de quadra.

Este tipo de jogadora (ponteira passadora) acaba sendo valorizada porque não tem no mercado. Os principais clubes querem. Mas, como eu falei, não é só passar também. Preciso estar bem fisicamente, mentalmente, contribuindo com outras coisas.

 

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RESPONSABILIDADE EM ARRUMAR O PASSE DO PRAIA
Na verdade, não (me sinto pressionada a arrumar o passe do Praia). É a minha função, eu sempre fiz isso. É natural pra mim, eu não trago isso como uma pressão. Eu trago a meu favor: se eu estou aqui é porque eu tenho capacidade. Já tem a pressão do jogo, da torcida, do campeonato em si, eu tento trazer isso a meu ver.

 

MUNDIAL DE CLUBES PELO MINAS
Foi um desafio muito grande o Mundial de Clubes. Minha primeira experiência, a gente olha para o outro lado (da rede), tem as melhores jogadoras. Mas é muito importante jogar este tipo de campeonato, o nosso nível eleva muito, a gente tem que ser perfeito o tempo inteiro. Não tem margem para um errinho. Foi incrível, eu quero estar lá de novo este ano.

 

Kasiely disputou o Mundial de Clubes pelo Itambé/Minas em 2019 (Divulgação/FIVB)

 

DESEJO DE JOGAR FORA
Eu tenho vontade de jogar fora. Quando eu era mais nova, eu sempre pensava “depois dos 30”. Hoje eu não sei, pode ser que na próxima temporada. Hoje não é uma coisa que eu dou uma data. Quando acontecer, se eu achar que estou pronta, que estou preparada, depende do clube, do país.

 

REFERÊNCIAS DENTRO DO VOLEIBOL
Sempre me inspirei na Fabizinha, hoje ela não joga mais. Eu tive o prazer de jogar com ela (no Rexona Sesc) no ano em que encerrou a carreira, eu aprendi demais com ela, foi incrível. De ponteira, foi a Paula Pequeno. Eu também tive o prazer de jogar com ela no Brasília, ela me ajudou demais.

 

RITUAIS ANTES DOS JOGOS
Sou mais ou menos supersticiosa. Se vai dando certo, a gente vai fazendo. Se deu errado em algum momento, a gente troca tudo. Mas top eu sempre uso o mesmo, eu tenho mania de bater a bola sempre oito vezes antes de sacar, eu sempre rezo antes do jogo, eu sempre uso o mesmo tênis. Aí, perdemos, não fiz uma partida muito boa, aí eu troco.

 

Kasiely foi campeã da Superliga pelo Itambé/Minas (Divulgação)

 

 

MATERNIDADE NO FUTURO
Tem momentos que eu quero ter filho, tem momentos que não. Eu quero chegar aos 35, 36 anos e escolher se eu quero continuar jogando. Eu quero programar minha vida, espero que com 35 eu esteja no auge, muito bem. E, se por acaso, hoje eu sou solteira, não penso em nada, futuramente, pode ser que eu mude de ideia e queira encaixar. Mas eu não sei.

 

O QUE GOSTA DE FAZER FORA DAS QUADRAS
Eu adoro ler, eu leio de tudo, estou sempre lendo alguma coisa. Como não fiz faculdade ainda, gosto de ler e entender um pouco mais. Eu pretendo futuramente estudar psicologia, eu acabo lendo muita coisa sobre. Mas eu sou muito caseira também, quase não saio de casa, gosto de descansar, gosto de cuidar da minha alimentação. No máximo, saio para jantar com meus amigos, mas aí já volto para casa. Eu tenho uma vida muito tranquila, não tenho muita coisa para contar. Trabalho, casa, nas horas vagas, eu leio um livro, assisto a uma série. Gosto também de cozinhar. Não faço grandes pratos, mas o básico eu faço bem feito.

 

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