Natália avalia temporada e conta sobre sua experiência na Rússia
Nesta quarta-feira (3), a atleta fez 13 pontos na vitória do Dínamo Moscou pela Champions League. Ela joga no vôlei russo há pouco mais de quatro meses e tem ajuda de brasileiros em sua adaptação
A brasileira marcou 13 pontos na vitória do Dínamo Moscou nesta quarta (vldinamo.ru/Divulgação)
Podcast #NaGringa traz a entrevista completa da campeã olímpica Natália
Por: Rafael Zito
Campeã olímpica em Londres-2012, a ponteira Natália, de 31 anos, disputa sua primeira temporada no vôlei russo. Contratada pelo Dínamo Moscou para a temporada 2020/21, a jogadora está no país europeu há pouco mais de quatro meses e, neste período, já jogou a Copa da Rússia, ficando com o vice-campeonato, lidera a liga nacional após 17 partidas e entrou em quadra cinco vezes pela Champions League. Inclusive, nesta quarta-feira (3), a ponteira brasileira marcou 13 pontos na vitória contra o Allianz MTV Stuttgart, da Alemanha, pela principal competição da Europa, levando seu clube à vice-liderança do Grupo D, com nove pontos, um a menos que o líder Eczacıbaşı VitrA, da Turquia.
Em entrevista exclusiva ao Saque Viagem, a brasileira comentou sobre sua adaptação dentro e fora de quadra. “No início foi um pouco difícil pela questão da língua e, até mesmo em relação ao fuso horário e a cultura. Aqui tem muita gente que não fala inglês e a cultura é totalmente diferente em comparação com Brasil e Turquia, onde vivi e joguei por três anos. Levei um pouco de tempo para realmente me adaptar. Mas agora já estou me sentindo mais em casa. Eu conheci muitos brasileiros morando aqui em Moscou. Então, isso tem me ajudado muito. Fiz amizade com mais de 30 pessoas do nosso país”, contou Natália.
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“São pessoas que nunca tinha visto e hoje são meus amigos. Pessoas que viraram minha família e certamente levarei essa amizade para resto da vida. É muito bacana essa conexão que o brasileiro tem quando está fora do país. Isso de querer ajudar um ao outro porque todo mundo sabe como é difícil estar fora do país. Para a minha adaptação isso foi muito bom”, completou a jogadora. Dos 13 pontos na vitória do Dínamo Moscou pela Champions League contra o time alemão, Natália anotou 11 em ataques ou contra-ataques, um de bloqueio e de saque. O triunfo foi com parciais de 25/21, 25/20 e 25/20. Na sequência, a atleta comentou sobre a adaptação ao vôlei russo.
“Já dentro de quadra, para mim, a temporada está sendo boa. No finalzinho de dezembro acho que dei uma caída de rendimento em alguns jogos, mas consegui voltar bem agora no início do ano. Foram apenas dois jogos que realizamos por enquanto em 2021, já que tivemos que adiar quatro partidas porque seis atletas pegaram Covid-19. Eu não peguei. No time, até agora, eu e mais duas jogadoras, Goncharova (ponteira) e a Orlova (centra), não foram infectadas”, revelou Natália.
Principais adversários na Liga Russa
Natália considera o Dínamo Kazan o principal rival na Liga Russa (vldinamo.ru/Divulgação)
O Dínamo Moscou está em primeiro lugar na Liga Russa depois de 17 jogos, com 47 pontos: 16 vitórias e uma derrota. Natália esteve em quadra em 16 duelos e tem média de 15,3 pontos. A ponteira brasileira fez sua maior pontuação na única derrota de seu time na competição. Ela anotou 23 acertos no revés, fora de casa, para o Dínamo Krasnodar, terceiro colocado no campeonato, por 3 sets a 2. Já diante do Dínamo Kazan, vice-líder, a atleta marcou 21 no triunfo, como visitante, em cinco parciais.
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Na decisão da Copa da Rússia, o Dínamo Moscou saiu na frente, mas levou a virada do Kazan: 3 sets a 1. “O Dínamo Kazan é o nosso principal adversário aqui na Rússia. O Dinamo Krasnodar foi o único time que a gente perdeu até agora na Liga Russa. No jogo do turno contra o Kazan, a gente acabou ganhando de 3 a 2. Já diante do Krasnodar perdemos também de 3 a 2. Ainda temos que jogar a partida returno contra os dois times. Acompanhando o histórico do Dínamo Moscou, normalmente são esses dois times que disputam as finais conosco”, disse Natália.
Impressões sobre o vôlei praticado na Rússia
A campeã olímpica também foi questionada sobre o nível e as particularidades do vôlei praticado na Rússia. “Geralmente as pessoas falam que o vôlei russo é mais atrasado, um vôlei de bolas altas. Pode ser que sim, mas também não. Tem alguns times que jogam mais rápido. Algumas pessoas pensam, e eu também tinha essa visão, que os times russos não defendem. Mas isso é mentira. Aqui vejo as jogadoras sempre muito dispostas na defesa e correndo atrás das bolas”, relatou Natália.
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“Não tem corpo mole e nem aquele papo de que, por serem atletas altas, não caem no chão. É um vôlei mais de bolas altas, dependendo dos times, mas vejo um vôlei de qualidade. As jogadoras aqui são, até mesmo as centrais, boas de fundamento. Normalmente as meios não são muito boas de manchete e toque, lógico que tem algumas, como Bia e Thaisa, que são exceções. Tem algumas que não são lá muito boas e aqui todas as meninas sabem tocar com qualidade”, acrescentou a jogadora.
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Natália também se surpreendeu com a quantidade de boas jogadoras de qualidade. “Não esperava essa qualidade toda porque, querendo ou não, são jogadoras muito altas. Fiquei surpresa também com o tanto de material humano que eles têm de jogadoras russas. Têm as meninas que normalmente jogam contra o Brasil, mas também têm garotas boas e altas que nunca tinha visto e nem chegaram à seleção. A Rússia é uma maquininha de fazer jogadoras. O material humano deles tem qualidade e quantidade”, destacou a campeã olímpica.
Jogos durante o coronavírus
Natália relatou que, a partir de fevereiro, os jogos em Moscou contarão com a presença de público (vldinamo.ru/Divulgação)
No período de Rússia, Natália já vivenciou jogos com e sem público por causa da pandemia do coronavírus. A primeira experiência sem torcida ainda foi na Turquia, quando defendia o Eczacıbaşı VitrA. “Cheguei aqui com partidas já sem público. Algumas sem e outras com. É meio sem graça porque o público traz uma emoção muito bacana e gostosa para dentro do jogo. Seja contra ou a favor. É muito mais emocionante quando tem torcida e a energia do público ajudando a gente, mas a saúde de todos nós está em primeiro lugar”, disse.
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“Já que está tendo que ser assim a gente se adaptou e a acaba que acostuma também. Tudo é questão de você se adaptar. Tudo bem que eu não entendo o que o pessoal grita na torcida, mas é sempre gostoso ter gente assistindo e torcendo. No início da temporada tinham alguns jogos liberados, mas depois eles proibiram. Algumas cidades que a gente tem ido estão com público nos jogos e outras não. Aqui em Moscou, no dia 20 de dezembro, jogamos a final da Copa da Rússia, com 30% da capacidade do ginásio”, comentou Natália.
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De acordo com a ponteira, em fevereiro Moscou volta a poder contar com a presença de público nos jogos. “Fiquei sabendo porque fui perguntar, até porque os meus amigos brasileiros estão doidos para ir ao ginásio para torcer, que agora em fevereiro vai voltar a ter público. Nesses próximos jogos a gente vai poder jogar com 58% da capacidade do ginásio. Estivemos em Saratov na semana passada e teve torcida. Não foi ginásio lotado, mas teve público respeitando todas as normas”, concluiu a brasileira.
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