O que pode acontecer a Zé Roberto após abandonar o jogo em MG?
Zé Roberto retirou o time de quadra por não concordar com a arbitragem (Fotos: Reprodução/Canal Vôlei Brasil)
Por Vanessa Kiyan
23 de janeiro de 2020
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) aguarda os relatórios do delegado e do árbitro Fernando de Souza, que trabalharam no jogo entre Dentil/Praia Clube e São Paulo/Barueri, para decidir se o técnico José Roberto Guimarães será punido pela atitude que teve no final da partida realizada em Uberlândia (21), nessa terça-feira (21), pelas quartas de final da Copa Brasil.
Inconformado com as decisões de Souza, que havia exibido um cartão vermelho para a líbero Nyeme, além de, supostamente, ter errado em marcações importantes, Zé Roberto pediu que suas jogadoras se retirassem da quadra na reta decisiva da quarta parcial. A atitude rendeu um cartão vermelho ao tricampeão olímpico e culminou com a vitória das mineiras, que fecharam o set em 29 a 27 e o jogo em 3 sets a 1.
Para entender o que pode acontecer a Zé Roberto e ao Barueri, Saque Viagem conversou com especialistas, que pediram anonimato. Segundo eles, o árbitro responsável pelo jogo só pode encerrar a súmula depois de relatar tudo o que aconteceu. Caso não haja espaço suficiente na súmula, é preciso detalhar o episódio em um relatório. O delegado da partida também documenta tudo em um relatório, que é independente do documento registrado pelo árbitro.
Nyeme, a líbero do Barueri, recebeu cartão vermelho no final do quarto set
Tanto o árbitro quanto o delegado colocam a sua posição sobre o acontecimento. “Essas duas posições vão ser confrontadas por quem vai ler o relatório, por um departamento jurídico, e aí se decide de acordo com a legislação esportiva qual a infração que o Barueri e o técnico Zé Roberto cometeram. Depois disso, acontece o julgamento. Mas isso demora um pouco, não é de imediato, até porque o tribunal só se reúne quando acontece um caso extraordinário”, explicou um dos especialistas.
A situação de Zé Roberto é mais delicada porque a defesa não poderá alegar que o treinador deixou a quadra por um evento que colocasse em risco sua integridade física ou a de suas atletas, como uma iminente invasão da torcida adversária, a possibilidade de queda de parte do teto ou a falta de segurança da atividade física em razão de goteiras no ginásio. O comandante do Barueri abandonou a partida por vontade própria, porque assim preferiu.
“Como o Zé Roberto abandonou por não concordar com a arbitragem, acredito que deva haver uma punição, sim. Só não sei se na Copa Brasil ou se em qualquer outra competição de chancela da CBV, como a Superliga”, comentou uma das fontes consultadas pelo Saque Viagem. O mais importante, segundo ela, é não deixar margem para que outros técnicos tomem atitude semelhante sempre que discordarem da decisão da arbitragem.
Ataque de Martinez também motivou reclamação de Zé Roberto junto à arbitragem
ENTENDA O QUE ACONTECEU
Praia Clube e Barueri disputavam o quarto set na Arena Praia quando, em um ataque pela entrada da ponteira Martinez, a arbitragem acusou toque do bloqueio. À beira da quadra, Zé Roberto se desesperou e pediu que o árbitro revisse a marcação. Como já tinha usado seus dois pedidos de desafio, o técnico nada pôde fazer. O árbitro, convicto em sua decisão, sequer considerou pedir ele mesmo o desafio para tirar a dúvida.
A disputa ficou ainda tensa quando, no lance seguinte, a líbero Nyeme comemorou o ponto de empate das paulistas (27/27) de frente para o árbitro. Não se sabe se a tricolor usou palavras de baixo calão contra Souza. Fato é que ele tirou do bolso um cartão vermelho e apontou para a defensora do Barueri (a justificativa para o cartão deverá constar na súmula ou no relatório do jogo). Foi o estopim para Zé Roberto pedir para o grupo deixar a quadra.
A reclamação do treinador rendeu um novo cartão vermelho. Com as duas advertências, o Praia Clube ganhou dois pontos, o suficiente para fechar o set em 29 a 27. “O árbitro pode dar o cartão vermelho direto, não existe uma regra para se aplicar primeiro o amarelo, como aconteceu no caso da Nyeme. Uma atitude antidesportiva, como xingar o árbitro, pode render a um atleta o cartão vermelho direto”, contou o especialista consultado pelo Saque Viagem.
Com a derrota para o Praia Clube, o Barueri acabou eliminado da fase final da Copa Brasil. As campeãs paulistas se concentram agora na Superliga, competição em que ocupam apenas a oitava colocação.
Momento em que o treinador do Barueri solicitou que suas jogadoras se retirassem do jogo