Sassá aponta China como ‘lugar especial’ e revive experiências olímpicas
Além da medalha de ouro em Pequim-2008, a jogadora subiu ao topo do pódio nos Jogos Mundiais Militares de 2019, em Wuhan, de novo em solo chinês
Sassá vestiu a camisa do Brasil por mais de uma década (FIVB/Divulgação)
Por: Rafael Zito
Natural de Barbacena (MG), Wélissa de Souza Gonzaga, conhecida como Sassá no meio do vôlei, está com 38 anos e atuando pelo Curitiba na Superliga 2020/21. A jogadora vestiu a camisa da seleção brasileira por mais de uma década e construiu uma carreira vitoriosa. Ela representou o Brasil em dois Jogos Olímpicos, Atenas-2004 e Pequim-2008, e em duas edições de Campeonato Mundial, em 2006 e 2010, ambas no Japão. Além da medalha de ouro na edição chinesa da Olimpíada, a atleta soma cinco conquistas de Grand Prix, uma da Copa dos Campeões, em 2005, e vários outros pódios.
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A China é um país singular para Sassá. Além do ouro olímpico em Pequim-2008, a esportista foi campeã dos Jogos Mundiais Militares em 2019, competição realizada em Wuhan. “É um lugar super especial. São duas grandes recordações. Falar da Olimpíada de Pequim me emociona muito. Traz um filme lindo na minha memória de todo trabalho que a gente teve para chegar até aquele momento e da representatividade que esse título teve para o vôlei feminino do Brasil. E é sempre uma emoção muito grande jogar na China”, disse a atleta em entrevista ao Saque Viagem.
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“Já o Mundial Militar foi um divisor de águas na minha carreira. Eu me inscrevi e fiz todo processo seletivo. Tive as aprovações e foi um enorme desafio porque entrei como líbero e estou servindo nessa posição até hoje. Eu não tinha a menor ideia do que era, da grandeza e da importância que tinha o campeonato. A estrutura era fantástica e digna de um Jogos Olímpicos. Fiquei muito feliz de ter podido participar da competição e de ter trazido a medalha de ouro para o Brasil e para o exército. E vencer as chinesas na casa delas teve um gostinho mais que especial”, completou Sassá.
Orgulhosa da carreira
Sassá iniciou no vôlei no clube Olympic, de Barbacena, seu município de origem. Em seguida, a jogadora jogou no Vasco da Gama (RJ), time no qual realizou sua primeira partida de Superliga. Depois disso, ela defendeu o Rexona-Ades, atual Sesc Flamengo, quando foi comandada pelo técnico Bernardinho. Após sete temporadas no Rio de Janeiro, a atleta mudou para o Sollys/Osasco, local que jogou por três anos. Ela também vestiu as camisas do Sesi-SP, Dentil/Praia Clube, Brasília Vôlei, Fluminense. No exterior, a ponteira atuou no Gornicza-POL.
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Na seleção brasileira, Sassá fez história, mas também viveu momentos de tristeza. “Eu tenho a sensação de orgulho de toda a minha trajetória. Foram 12 anos servindo a seleção brasileira com dois Campeonatos Mundiais e Olimpíadas. Fico muito feliz e honrada por ter vivido minha carreira jogando pelo Brasil e ter conseguido representar meu país, me manter no grupo, conquistando títulos e quebrando paradigmas”, disse Sassá, que integrou o elenco nas medalhas de prata nos dois Mundiais e contou qual deles doeu mais.
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“O de 2010 marcou muito para mim pela dificuldade da semifinal contra o Japão, quando a gente estava perdendo de 2 a 0 e tive a oportunidade de entrar no meio do jogo e contribuir bastante para que a gente conseguisse a vitória e a vaga para final. Acredito que esse ano tenha pegado um pouquinho mais porque a gente já estava esperando esse título mundial que não veio em 2006 e a expectativa era muito grande, ainda mais porque a decisão era contra as russas de novo e, mais uma vez, a gente fez um jogo bom na final e pecamos nos detalhes”, lembrou Sassá.
Reescrever a história: Atenas-2004
Na parte final da entrevista, a jogadora foi aceitou voltar no tempo e recordar dois momentos: um vitorioso que desejaria viver novamente e um de derrota em que tivesse a oportunidade de reescrever a história. E Sassá começou pelo momento que considera o mais complicado que vivenciou. “O momento que eu mudaria porque foi bastante triste, sem dúvida nenhuma, seria a Olimpíada de 2004. Eu estava no grupo com Mari, Virna, Érika, Fernanda Venturini, Valeskinha, Fofão e foi uma derrota doída porque era uma geração que merecia demais”, comentou.
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“Se eu pudesse mudar, com certeza, voltaria naquele momento para que essa geração pudesse se sagrar campeã olímpica. O 24 a 19 viraria 25 a 19 e fim de jogo. Seria a primeira vez que o Brasil iria para uma final olímpica, o que já seria um grande marco, e se a gente passasse daquela semifinal acho que a gente chegaria muito forte na decisão. Então, eu mudaria essa época que foi bem dolorida. Esse 24 a 19 foi inesquecível e, mesmo depois de tanto tempo, tem gente que lembra até hoje, pergunta como foi e o que aconteceu”, completou Sassá.
Reviver a consagração: Pequim-2008
Já o momento de glória que gostaria de reviver é a consagração olímpica em Pequim-2008. “E o momento mais feliz não tem como fugir. Foi mesmo o ouro olímpico. É uma sensação indescritível estar no pódio, ver a bandeira do Brasil sendo hasteada e ouvir o hino. Passa um filme na cabeça do tanto de pessoas que você está ali representando e do orgulho que a gente deixou em muita gente. Quando a gente voltou para o Brasil foi uma mobilização que eu nunca tinha visto na vida. A gente estava nas nuvens e a ficha demorou muito para cair”, recordou a ponteira.
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“A gente conseguiu parar São Paulo em um desfile no caminhão do corpo de bombeiros, algo que eu que nunca tinha visto na vida. Foi um momento muito feliz. Aquela geração mereceu o primeiro título olímpico. Não que as outras, que foram nossos espelhos e motivações, não mereciam também. E todas elas foram representadas ali com aquelas medalhas. O Zé Roberto fez um trabalho espetacular durante aquele ciclo. Foram quatro anos de muito trabalho e dedicação. Ainda teve o deslize no Mundial de 2006, mas isso não fez a gente perder o nosso foco, que era a Olimpíada de 2008”, concluiu Sassá.